Fernando Machado

Um imortal chamado Admaldo

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Dona Maria Matos de Assis com o filho Admaldo (Foto: Fernando Machado)

No dia 26 de janeiro de 1901, um grupo de intelectuais, à frente Carneiro Vilela, fundou a Academia Pernambucana de Letras, com 20 cadeiras, atualmente tem 40, numa das dependências do Instituto Arqueólogo, Histórico e Geográfico Pernambucano, na Praça Joaquim Nabuco. Depois o Instituto transferido para a Rua do Hospício, e com ele a Academia Pernambucana de Letras. O primeiro presidente foi o próprio Joaquim Maria Carneiro Vilela (1846/1913), tomou pose no dia 26 de janeiro de 1901, mas ficou apenas 11 dias no cargo. Foi o fundador da cadeira nº 8.

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José Paulo Cavalcanti Filho e Gustavo Krause (Foto: Fernando Machado)

E finalmente em dezembro de 1966 a APL aterrissou no Palacete da Avenida Rui Barbosa, que pertenceu ao barão João José Rodrigues Mendes (1827/1893), que a adquiriu, em 1863, como parte do Sitio da Jaqueira, em Ponte Uchoa, da viúva do Barão de Casa Forte, Dona Maria Francisca Marques de Amorim. Ela foi projetada por um francês, mas ninguém sabe seu nome e tem o estilo eclético de gosto neoclassico. Fez uma reforma no casarão e como todo comerciante português bem sucedido, fez uma repaginação que deixou a sociedade da época deslumbrada. É bom frisar que a Ponte Uchoa era o mais aristocrático dos subúrbios recifenses.

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Marinanda Carvalho, Admaldo e Conceição de Assis (Foto: Fernando Machado)

As paredes do palacete foram revestidas de azulejos vindos de Portugal, quem sabe de Braga, sua terra natal. O piso recebeu mosaico retangulares ingleses. No teto colocou um  lustres de Bacarat. O mobiliário de carvalho veio todo da Áustria e essa tarefa, de embelezar o palacete no estilo neoclássico, coube a artista plástico francês que vivia perambulando pelas ruas do Recife, Eugene Lassailly. Com a morte de sua esposa, dona Eugenia, dia 8 de setembro de 1878, o Barão que tinha construído nos arredores do sitio um torreão se transferiu para lá.

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Isabela e Augusto Coutinho (Foto: Fernando Machado)

O palacete ele cedeu para sua filha Joana, que era casada com o medico Malaquias Antonio Gonçalves. Até 1966 aquele complexo pertencia aos herdeiros do Barão, quando foi desapropriada pelo governador Paulo Guerra, e cedido em regime de comodato. Todavia, coube ao governador Eraldo Gueiros doar o imóvel para à Academia Pernambucana de Letras, na época era o presidente Marcos Vilaça, que ocupa a cadeira nº 35. Ele, é o decano da Casa Carneiro Vilela.

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Admaldo e Conceição de Assis com o Padre Joselito (Foto: Fernando Machado)

Quinta-feira, no Auditório Mauro Mota, aconteceu a posse de Admaldo Matos de Assis, na cadeira número 12, cujo patrono é Antonio Joaquim de Melo (1794/1873), e tem como fundador José Antônio de Almeida Cunha (1841/1919) e ocupada por último pelo acadêmico Nelson Saldanha (1933/2015). O Mauro Mota estava totalmente lotado. De Gravatá, sua terra natal, veio uma enorme comitiva. Admaldo prestou uma homenagem à sua mãe, dona Maria, que estava lá, marcando sua posse para o dia que ela completava 92 anos.

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Ricardo Guerra, Cristina Ferraz e José Mário Duarte Coelho (Foto: Fernando Machado)

Sentaram à mesa principal a presidente da APL, Fátima Quintas; a vice Margarida Cantarelli; o secretário geral Rostand Paraiso; o paraninfo Ângelo Monteiro; a viúva de Nelson Saldanha, Ina Maria de Castro; o ex governador Gustavo Krause; Gilma Monteiro; Augusto Coutinho; Rafael de Menezes e Geraldo Ferraz. Na sequencia os acadêmicos Rostand Paraiso, José Paulo Cavalcanti e Margarida Cantarelli foram recepcionar Admaldo, que o trouxeram para sentar à mesa principal. Não gostei dele ter entrado pela porta que os mortais entraram. Era imponente ele ter saído do fim do auditório, como sempre acontecia.

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Admaldo Matos de Assis e Ângelo Monteiro (Foto: Fernando Machado)

Então foi iniciada a solenidade com a execução do Hino Nacional. A primeira a falar foi Fátima Quintas, e depois Admaldo Matos de Assis, que na sequencia jurou cumprir o compromisso regimental acadêmico. Admaldo usava um terno grafite adquirido em Lisboa, presente de sua esposa, Conceição. As abotoaduras pertenceram ao seu pai Adjar Francisco de Assis. Acho que quase ninguém notou, mas ele trazia um relógio de algibeira que foi do seu avô, José Francisco de Assis.

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Margarida Cantarelli, Ina Maria Cabral, Ana Maria César e Fátima Quintas (Foto: Fernando Machado)

Os discursos de Fátima Quintas, Admaldo Matos de Assis e Ângelo Monteiro foram notáveis. Fátima tem uma sensibilidade literária de fazer gosto. Admaldo fez seu speech em cima no estilo contador de estórias, leve e sem ser cansativo. Sempre começa: “Era uma vez”. E o Ângelo Monteiro não ficou atrás das outras duas falas. Impecável, Angelo, sua maneira de descrever o novo imortal. Depois de ouvirmos o Hino de Pernambuco, aliás precisa diminuir um pouco, como fizeram com o brasileiro. O público fica irritado, pois quando a gente pensa que terminou começa tudo de novo.

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Roque de Brito Alves, José Mário Rodrigues e Paulo Gustavo de Oliveira (Foto: Fernando Machado)

Depois servido um coquetel by Ana Regina Eventos, de a gente rezar na Senhora de Sant’Anna, que aconteceu nos jardins da Casa Carneiro Vilela, cercado de árvores centenárias (pau-brasil, macaíbas, aroeiras, mangueiras, azeitonas, jambos, cajus e pitangas). Tivemos dos bolos by Jane e Eliane Asfora, um em forma de livro e o outro para comemorar o aniversário de Maria Matos de Assis. Tivemos os tradicionais parabéns para você, cantado por um coral de 100 vozes. O fundo musical foi com o tecladista Ivanildo Monteiro da Silva.

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Paulo Alberes à côté Ana Emília (Foto: Fernando Machado)

No cardápio beiju com requeijão de carne; bolinho de bacalhau com azeite perfumado; briochinho com pernil e molho barbecue; casquinha folhada com caponata de berinjela; coxinha; dadinhos de tapioca e queijo coalho com mel de engenho; empadinha aberta de camarão; folhado de frango; pastel de festa; tortinha de mousse de bacalhau; quibe com geleia de hortelã; quiche de queijo do reino. Tudo regado a sucos de cajá; graviola; melancia/gergelim; tangerina/capim santo. Informação importante: Admaldo Matos é o segundo gravataense na Academia. O primeiro foi Luiz Nascimento.

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