Fernando Machado

Aurora dos Carnavais


Uma passista reverencia o fundador Romero Amorim (Foto: Fernando Machado)

A Rua da Aurora, no centro do Recife, recebeu ontem no final da tarde um dos grandes momentos do nosso Carnaval. Foi o encontro de blocos líricos chamado Aurora dos Carnavais. Desfilaram pelo palco montado debruçado para o Rio Capibaribe 27 blocos. Os primeiros a surgirem ainda dia, foram os blocos Eu Quero Maizinho e Sonhos em Fantasias, formados pelos baixinhos.


Savio Moreira, Lula Gonzaga e Graça Lima (Foto: Fernando Machado)

Os blocos são esquecidos pelos coroas e pelos corinhas. Sendo que a maior parcela desses ignorantes são os corinhas. Claro que com o tempo os blocos líricos terão que ser ouvidos pelos eruditos, mas nos saraus. É importante que nós pernambucanos não deixem acontecer o ocaso dos blocos líricos.


Antenor Gonçalves, Lenira Souza, Eli Madureira, Lais Climaco, Luciana Oliveira e Alcides Vespaziano (Foto: Fernando Machado)

Até a lua cheia, deslumbrante, estava no céu testemunhando aquele encontro único de verdadeira poesia. O Rio Capibaribe que margeava o local também aderiu em reverenciar o autentico carnaval pernambucano. Então retiro um trecho da musica de Luiz de França – Boquinha, para resumir essa ação: “Vem conhecer o que é harmonia / Vem, meu bem / Alegria que o frevo contém / É a do meu coração / Vem pegar no meu braço / Vamos cair no passo sem alteração”.


O host do Aurora dos Carnavais Sérgio Gusmão (Foto: Fernando Machado)

O carnavalesco Romero Amorim (1938-2012) que criou o Aurora dos Carnavais deve estar todo orgulhoso porque o projeto continua firme e deve até estar cantarolado “Meu Recife eu te lembro / De Aurora à janela / Debruçadas tão bela / Sobre o Capibaribe / O seu rio namorado / E a sorrir flamboyants / Em vermelho rendados / E se amando no espelho / Sob o sol das manhãs!”


A flabelista Barbara Rodrigues do Bloco da Saudade (Foto: Fernando Machado)

O relógio batia 21h quando um coral de quatro mil vozes gritava bem alto: “Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes, Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um dia Só / Os Corações Futuristas, Bobos em Folia, Pirilampos de Tijipió / A Flor da Magnólia / Lira do Charmion, Sem Rival, / Jacarandá, a Madeira da Fé / Crisântemos, Se tem Bote e Um dia de Carnaval”. As flabelistas pareciam bailarinas flutuando na multidão.


Cassio Duarte, Sara de Souza e Adelaide Padilha do O Bonde (Foto: Fernando Machado)

Enquanto o notável host Sérgio Gusmão anunciava o último bloco Amantes das Flores de Camaragibe, os foliões cantavam “Vou relembrar o passado agora / É nessa hora que eu sinto bem / A Flor da Lira também sofre ainda / Por saber que Olinda / Soluçou também”. Tudo por conta do grande João Santiago ter partido para nunca mais voltar. Até “O Apolônio não está sozinho / João Santiago foi lhe visitar / Para dizer que Batutas chora”.


Lourdes Alves e Glaucia Almeida do Com Você no Coração (Foto: Fernando Machado)

Já estava na Ponte Princesa Isabel e ouvi “Adeus, adeus minha gente / Que já cantamos bastante / Recife adormecia / Ficava a sonhar / Ao som da triste melodia.” É por isso que vou roubar Getúlio Cavalcanti “Que o Recife tem o Carnaval melhor do meu Brasil”. Nessa tribo os estrangeiros só têm vez para aplaudir e rodopiar como se fossem os últimos dias de suas vidas.


A ala de pastoras do Bloco Confetes e Serpentinas (Foto: Fernando Machado)

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