O jornalista Aldo Paes Barreto confessa: “Eu era adolescente em 1954, quando a brasileira Martha Rocha revolucionou os padrões de beleza brasileira. Baiana de pele clara e olhos verdades, moça prendada, classe media, ela mexeu com os sonhos de consumo dos jovens da minha geração e das seguintes. E não só no Brasil. Nos Estados Unidos, um fabricante de veiculo batizou a nova linha de utilitários com o nomes da brasileira. A caminhonete, ainda hoje sucesso entre colecionadores, tinha formas arredondadas e duas polegadas a mais, na cabine…
Martha medindo os quadris e em LOng Beach (Fotos: O Cruzeiro/Manchete)
Aqui surgiram bolos, tortas, vestidos, perfumes, luminárias e até cocadas batizadas de Martha Rocha. No Brasil daqueles tempos, moça de família não possava de maiô, muito menos participava de desfile de miss. Contudo, Martha Rocha, fez tudo isso e não se transformou em apelo sexual. Era uma forma do belo sexo, bem-comportada e vestida com comedimento. Um padrão de beleza tamanho família, que servia para mulheres e homens.
Martha Rocha: sorriso e corpo memoráveis (Foto: Divulgação)
No Recife, do footing da Rua Nova, da Sloper, da Lojas 4.400, da Primavera, dos Encontros de Brotinhos, dos Jogos Colegiais, das turmas de bairros, de dois jovens chamados Arthur, disputavam, inconscientemente, o troféu imaginário de beleza, “Martha Rocha”. Arthur Carvalho e Arthur Santa Cruz de Oliveira. O primeiro baiano de origem, charmoso, boêmio, boa pinta como se dizia, craque de futebol politizado, perdeu por pouco o titulo para o pernambucano Arthur Santa Cruz, igualmente craque em amizade, futebol, sinuca e noitadas.
O jornalista Aldo Paes Barreto (Foto: Divulgação)
Coincidentemente um irmão deste, oficial do Exercito, casou com a Miss cearense, Emília Correia Lima, semifinalista do Concurso de Miss Universo versão 1955, um ano depois do sucesso da baianinha. Arthur Santa Cruz, ficou com o apelido de “Martha Rocha” e até os últimos dias de sua vida – morreu ha três ou quatro anos – atendia aos os amigos mais chegados como Arthur Martha Rocha. Que Deus o tenha”.