Fernando Machado

Jô Mazzarolo: Uma recifense arretada

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O bispo de Salgueiro, Dom Magnus Lopes, Jô Mazzarolo e dom Fernando Saburido (Foto: Fernando Machado)

A Câmara Municipal do Recife está diretamente vinculada ao nascimento da própria Vila do Recife. No momento da criação de uma nova vila, a lei determinava que se tomassem as seguintes providências: inaugurar o Pelourinho e convocar os cidadãos locais  para eleger os primeiros vereadores. O nome Pelourinho faz referência à bola que encimava a coluna de alvenaria e construída sobre um pedestal com escadaria feita de pedras. Erguido na praça principal da vila, o pelourinho era uma espécie de emblema da administração, servindo também como local de castigo aos criminosos e escravos fugidos.

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Pedro Lins, Geórgia Kyrillos, Meiry Lanunce, Rembrandt Junior e George Guilherme (Foto: Fernando Machado)

Segundo registros históricos, em 15 de fevereiro de 1710, por ordem do rei de Portugal, foi instalada a Vila do Recife e inaugurada a sua Câmara Municipal. Foram então realizadas as primeiras eleições, tendo sido eleito presidente o Juiz de Fora José Ignácio de Arouche. Foi bastante curto o funcionamento da primeira legislatura. Em 17 de novembro de 1710, os nobres, como eram chamados os moradores de Olinda, invadiram a Vila do Recife, derrubaram o Pelourinho e seguiram para a Câmara Municipal, onde espancaram os vereadores, rasgaram suas roupas, tomaram os seus distintivos, prenderam-nos e declararam fechada a sede do Legislativo.

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Jô com os irmãos Bernardino, Vasco, Bernadete e Rosa Mazzarolo (Foto: Fernando Machado)

Essa situação perdurou até 18 de junho de 1711, quando os recifenses rebelaram-se e enfrentaram os agressores num combate armado que se prolongou por quatro meses. Até que em 8 de outubro chegou ao Recife o novo governador de Pernambuco, Felix José Machado, restabeleceu a ordem, com a prisão dos chefes do movimento. Só então, em 18 de novembro de 1711, o Pelourinho foi reconstituído, sendo instalado no pátio em frente à Igreja do Corpo Santo, que foi criminosamente derrubada para criar uma ampla avenida. Enfim, era reaberta a Câmara Municipal.

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O plenário pronto para começar os trabalhos (Foto: Fernando Machado)

A partir de então, o Legislativo funcionou normalmente até a Proclamação da República em 1889, quando foi temporariamente suspenso, durante o governo do Marechal Deodoro da Fonseca, com a promulgação da Constituição de 1891. Sendo  transformado em Conselho de Intendência Municipal. Neste período, foi eleito presidente do Conselho José Mariano Carneiro da Cunha. Considerado um dos maiores políticos do seu tempo, o Conselheiro José Mariano foi o primeiro prefeito eleito do Recife. Na década de 40, os vereadores do Recife o elegeram como patrono da Câmara Municipal. Daí o Legislativo Municipal também ser conhecido como a Casa de José Mariano.

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Olha que coisa mais linda a antiga Escola Normal, atualmente Casa de José Mariano (Foto: Divulgação)

Coube ao governador de Pernambuco, Barão de Vila Bela, criar em 13 de maio de 1864, a Escola Normal, a primeira do gênero no Brasil, que em 1962 passou a chamar-se Instituto de Educação de Pernambuco. Primeiro funcionou no prédio da Alfândega e, posteriormente, num casarão na Rua da Praia. A partir de 1928 passou a funcionar em prédio próprio na Rua Princesa Isabel, ao lado do Parque 13 de Maio, até 1962, quando foi transferida para um complexo educacional na Rua Mário Melo. Inicialmente, a Escola Normal era frequentada apenas por rapazes.

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Bernardino, Marta e Vasco Mazzarolo e Darcy Foppa, Alfredo Vizeu, Bernadete, Rosa e Jo Mazzarolo (Foto: Fernando Machado)

Segundo Mauro Mota, antigo professor daquele educandário, “essa lei, então, quase revolucionaria, foi aplicada com excessiva cautela. O Inspetor João Barbalho comunicava, em relatório, ao governador Barão de Lucena: “as moças sentam de um lado e os rapazes de outro, em frente à cadeira do professor e, para que a vigilância seja mais completa, os pais das alunas ou as pessoas que as conduzirem, poderão assistir às aulas”. A partir de 1963, na gestão do prefeito Arthur de Lima Cavalcanti, passou a funcionar no local a Câmara Municipal do Recife.

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Jô Mazzarolo e os filhos João e Pedro (Foto: Fernando Machado)

Pois foi nesse solo sagrado que a gaucha de Veranópolis e diretora de jornalismo da Rede Globo Nordeste, Jô Mazzarolo, recebeu o titulo de Cidadã Honorária do Recife, numa iniciativa do vereador Erivaldo da Silva. A cerimônia, que durou apenas uma hora, foi presidida pelo vereador André Gomes, que depois de chamar para compor a mesa formada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, os secretários Antônio Figueira e Sileno Guedes, Iuri Maia Leite e o vereador Erivaldo a Silva, convocou uma comitiva formada pelos vereadores Marco Di Bria, Jurandir Liberal, Aderaldo Pinto, Jadeval de Lima, Eriberto Rafael e Vera Lopes para conduzir a homenageada até o Plenário.

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Rembrandt Junior e Tarciso Caldo Filho (Foto: Fernando Machado)

Na sequencia tivemos a execução do Hino do Brasil, pela Banda Marcial do Ginásio Pernambucano, regida pelo maestro Valderei Rodrigues, a fala do vereador Erivaldo Silva. O momento mais esperado foi o discurso da diva da imprensa pernambucana Jô Mazzarolo, sintetizou todo seu amor pela terra do frevo e do maracatu. “Eu estou aqui na verdade para dizer a todos vocês duas palavras: muito obrigada. Uma homenagem é sempre um reconhecimento e um compromisso. Eu vejo esse reconhecimento como algo que não é só meu. Eu preciso dividi-lo com toda a equipe que trabalha comigo que está espalhada pelo plenário”.

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Auzineide França e Verônica Bentinho assessoras do Padre Cosmo (Foto: Fernando Machado)

-“E ao mesmo tempo eu gostaria de dividir esse momento com todos vocês que estão aqui. Porque amar a cidade onde você nasceu é natural. Mas amar uma cidade que você escolheu para viver por quinze anos é se identificar com a vida das pessoas. O que marca a chegada a um lugar novo não são as coisas que você recebe, mas a forma  como você é recebido. E aqui Alfredo, Pedro, João e eu, encontramos carinho, cordialidade,  respeito, riqueza cultural, muita festa e excelente comida, claro!”

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Os jornalistas Fernando Fagundez e Ronan Drummond (Foto: Fernando Machado)

Fez questão de lembrar o ex-vereador Liberato Costa Junior, “nosso decano, apaixonado pelo Recife, pertinho dos 100 anos e com uma memória fantástica. Todos podem sair daqui com uma certeza: mesmo sem que vocês soubessem, em algum momento vocês me ajudaram nesta construção com uma palavra, um gesto, uma ideia, uma sugestão de mudança. E aqui estão alguns dos meus 13 irmãos, parte importante nesta história. Obrigada Rosa, Bernardino, Bernadete, Vasco, Marta e Darcy.”

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As divas Jô Mazzarolo e Geralda Farias (Foto: Fernando Machado)

deu outra lição de carinho, ao escolher o dia 9 de setembro, para receber o titulo por ser o dia do aniversário de dona Catharina, sua mãe. E finalizou: “Obrigada aos meus pais, primeiros mestres no amor ao trabalho e na simplicidade. Avelino olha lá de cima e Catharina. Veranópolis está cada vez mais perto do Recife: o novo técnico do Náutico, Dal Pozzo, começou no time do Veranópolis. Gostar da cidade é também cuidar e trabalhar por ela. E, como nada se faz sozinho, vamos juntos transformar a nossa Veneza pernambucana.”

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O presidente da Câmara Municipal do Recife, Vicente André Gomes e Jô (Foto: Fernando Machado)

Encerrando a cerimônia a Banda Marcial do Ginásio Pernambucano executou o hino do Recife. Depois os convidados seguiram para o jardim de inverno da Casa de José Mariano parao coquetel, dos mais elogiados grifado por La Cuisine, de Sophia Lins. O boneco gigante do Homem da Meia Noite fez evoluções enquanto a banda marcial tocava alguns frevos e como não podia deixar de ser atacou de Vassourinhas. Os funcionários da Câmara tiveram seu momento de tietes, graças aos globais que foram prestigiar Jô Mazzarolo, que aliás estava irrepreensível num deux pièces by Flora Lima.

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O boneco gigante do Homem da Meia Noite (Foto: Fernando Machado)

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