Fernando Machado

Os líricos maravilharam o Marco Zero

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Cláudia e Felipe Cabral de Melo do Bloco da Saudade (Fotos: Fernando Machado)

Ao invés de Andaluzas, Cartomantes, Camponeses, Apôis Fum, Bloco de um Dia Só, Os Corações Futuristas, Bobos em Folia, Pirilampos de Tejipió, A Flor da Magnólia, Lira do Charmion, Sem Rival, Jacarandá, Madeira da Fé, Crisântemos, Se tem Bote e Um dia Carnaval fluindo da Rua da Imperatriz, passando pela Rua Nova até chegar à Pracinha do Diário, que deslumbravam os foliões no século passado.

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Normando Marques e Lucia Cândido do Bloco das Ilusões

O encontro de blocos líricos levaram ao Marco Zero, ontem, os blocos Das Ilusões, Madeira do Rosarinho, Confete e Serpentina, Cordas e Retalhos, Menestreis de Paulista, Flor do Eucalipto, Das Flores, Em Poesia, O Bonde, Flor da Lira, Pierrot de São José, Flabelo Encantado, Banhistas do Pina, Batutas de São José Eu Quero Mais, Da Saudade, entre outros.

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A presidente Jane Emirce de Melo e a flabelista Carmen Brito do Bloco das Flores

E mais uma vez São Pedro mostrou que é contra os estrangeiros no nosso carnaval. O céu estava cinzento, a lua não apareceu e não choveu. A noite de segunda-feira é dedicada à realeza do nosso Carnaval. Os blocos surgem majestosamente de vários pontos do centro do Recife. O Da Saudade saiu da Praça Sérgio Loreto passou pela Rua da Imperatriz. Juro que vi Clarice Lispector e Joaquim Nabuco aplaudindo a sua evolução.

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Maria Silva, Bete Braga e Amara Figueiredo do Eu Quero é Mais

E boato a favor não se desmente. Os perseguidores, os homens de vendedores de bugigangas e as mulheres de Carmem Miranda estilizada, ao entoarem o frevo-canção Valores do Passado, de Edgard Moraes, não teve nada que abafasse seu brilho. Pela primeira vez não atravessou a Ponte de Ferro aquela que liga as Ruas da Imperatriz e Nova.

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O presidente do Cordas e Retalhos Severino Vilanova

Preferiram seguir o seu caminho pela Rua da Aurora e atravessar a Ponte Princesa Isabel. Pois não é que as baronesas no Rio Capibaribe e uma revoada de garças bailou no céu, numa coreografia de fazer inveja a Rudolf Nureyev para reverenciar o Bloco da Saudade. Quando ele chegou ao Marco Zero os sinos do Convento de Santo Antonio tocaram, pois era a hora do Ângelus.

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Lucas Belém, o cantor Mozart e Salete Lyra do Boemios da Boa Vista

O Bloco Confete e Serpentina homenageou Luiz Gonzaga cantando a Dança do Cossaco. A cantora do Pierrot de São José fala mais do que canta. O Bloco das Flores homenageou Wellington Virgulino. O Batutas de São José me deixou mais emocionado ainda quando cantou Não Deixem o Batutas Morrer de Álvaro Alvim. Outro momento de muita saudade era aquele em os blocos cantavam Madeira que cupim não rói, de Capiba.

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A presidente do Batutas de São José Nadira Maria Almeida

E quando os blocos entoavam o frevo-canção de Getúlio Cavalcanti “É lindo ver o dia amanhecer / Com violões e pastorinhas mil / Dizendo bem …” Um coral de 200 mil vozes respondia “Que o Recife tem / O Carnaval melhor do meu Brasil.” E no final do encontro somente me restou cantar baixinho o frevo de Nelson Ferreira: “Adeus, adeus, minha gente / Que já cantamos bastante / E o Recife adormecia / Ficava a sonhar / Ao som da triste melodia.”

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Silvia Melo, Delayne Silva e Kerolyne Farias do Amantes das Flores

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