Fernando Machado

Viva o Bloco da Saudade!

A presidente do Bloco Izabel Bezerra (Foto: Fernando Machado)

Ontem, foi o dia dedicado aos Blocos Líricos, que teimam em enriquecer o carnaval de Rua do Recife. Ate quando não sei. Cada os donos do nosso tríduo momesco calam mais o verddeiro Carnaval do Recife. Enquanto eu escrever os Blocos Liricos, e principalmente o Bloco da Saudade, terá seu espaço garantido. Às 16h, o Bloco da Saudade saiu da concentração da Praça Maciel Pinheiro rumo ao Marco Zero para o encontro de blocos.

Felipe Cabral de Melo e sua Claudia Porpino (Foto: Fernando Machado

O tema do desfile, criado pelo figurinista Paulo Carvalho, foi Do Sertão com Saudade, que remete da renda ao mandacaru, 85 pastoras e 25 pastores partiram pela Rua da Imperatriz, cantando acompanhado da Orquestra de Pau e Corda, sob a regência do Maestro Bozó, o Hino do Bloco, composto Edgard Moraes “Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes, / Camponeses, Apois Fum e o Bloco Um Dia Só, / Os Corações Futuristas, Bobo em Folia, / Pirilampos de Tejipió / A Flor da Magnólia, Lira do Carmion, Sem Rival,/ Jacarandá, A Madeira da Fé / Crisântemos, Se Tem Bote e Um dia de Carnaval”.

Rosane Caraciollo, Paulo Carvalho e Girlane Oliveira Arraes (Foto: Fernando Machado)

A procissão parou diante, propositalmente ou sem querer, diante do prédio onde morou Joaquim Nabuco e o coral atacou “Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé / Os Queridos Batutas da Boa Vista / E os Turunas de São José / Príncipe dos Príncipes brilhou / Lira da Noite também vibrou / E o Bloco da Saudade, assim recorda tudo que passou”. Passei em revista os velhos prédios da Imperatriz, onde muitos anos atrás moravam o high society que se debruçavam nas janelas para assistir estes antigos blocos.

Yago Braga e Camila Barros (Foto: Fernando Machado)

Na seqüência os perseguidores (são os foliões que seguem os blocos líricos), aumentaram o coral para quase 500 pessoas para entoarem Saudade de Aldemar Paiva: “Saudade, é isso que a gente sente / Saudade, é falta que faz a gente / Alguém eu morreu / Alguém que coroação não esqueceu / Podem tocar os clarins / As notas do prazer e da extalção / Podem passar arlequins / Pierrôs e colombinas no salão / Podem dançar e cantar / Não levam não, / A saudade do meu coração”.

Magdaline Pinheiro, Wanessa Andrade e Marjones Pinheiro (Foto: Fernando Machado)

O roteiro do bloco, este ano, foi modificado para pior atravessou a Ponte da Boa Vista e adentrou pela Rua Nova, fiquei feliz, pois era o percurso da era de ouro nossos carnavais, mas a felicidade durou pouco, pois o bloco entrou numa rua estreita para seguir para Camboa do Carmo e evoluir no Pátio de São Pedro. Lembre do Último Regresso de Getúlio Cavalcanti: “Falam tanto que meu bloco está / Dando adeus para nunca mais sair / E depois que ele desfilar / Do seu povo vai se despedir / No regresso de não mais voltar!

Luca Pereira, filho do maestro Clóvis Pereira e Izabel Bezerra (Foto: Fernando Machado)

E a presidente Isabel Bezerra, feliz da vida, ao passar na Pracinha do Diário, que já foi o QG do Frevo, lembrou os fundadores do Bloco, Edgard Moraes, Antonio José Medeiros e Marcelo Varela, que lá no céu deveriam está cantando Evocação de Nelson Ferreira “Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon / Cadê teus blocos famosos/ Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apos-Fum/ Dos carnavais saudosos/ Na alta madrugada/ O coro entoava/ Do bloco a marcha-regresso/ E era o sucesso dos tempos ideais/ Do velho Raul Moraes/ Adeus, adeus minha gente/ Que já cantamos bastante/ E Recife adormecia/ Ficava a sonhar/ Ao som da triste melodia”.

Ney e Rosa Maria Araujo com Paulo Carvalho (Foto: Fernando Machado)

Até chegarmos a Ponte Mauricio de Nassau pude ouvir Madeira que Cupim Não Rói, do mestre Capiba: “Madeira do Rosarinho/Vem a cidade sua fama mostrar/ E traz com seu pessoal/ Seu estandarte tão original/ Não vem pra fazer barulho/ Vem só dizer… e com satisfação/ Queiram ou não queiram os juízes/ O nosso bloco é de fato campeão/ E se aqui estamos, cantando esta canção/ Viemos defender a nossa tradição/ E dizer bem alto que a injustiça dói/ Nós somos madeira de lei que cupim não rói”.

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