Fernando Machado

Vamos Recordar o Passado

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A presidente do Bloco da Saudade Izabel Bezerra diante do Galo da Madrugada (Foto: Fernando Machado)

Quando relógio marcava 16h30, o átrio da Matriz da Boa Vista, no final da Rua da Imperatriz, nos arredores da Praça Maciel Pinheiro, O Bloco da Saudade, e seus perseguidores começaram  procissão com destino ao Marco Zero, para o encontro dos Blocos Líricos. O Saudade surgiu em 1972, graças ao compositor Edgard Moraes quando compôs Valores do Passado. Então Edgard Moraes, Antonio José Medeiros e Marcelo Varela tiveram a ideia de criar o bloco e a partir de 1973 eles saíram pelas ruas do Recife.

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Claudia e Felipe Cabral de Melo vestido de velho do pastoril (Foto: Fernando Machado)

E Rua da Imperatriz, sem nenhuma decoração, testemunhava mais uma vez o desfile do Bloco da Saudade. Acho que vi num daqueles sobrados, no maior tititi, Clarice Lispector, Joaquim Nabuco, Edgard e Raul Moraes, Nelson Ferreira, Capiba, Luiz Bandeira, Antonio Maria, Romero Amorim, João Santiago, Aldemar Paiva, Diná e Waldemar de Oliveira, e claro os homenageados do bloco os Irmãos Valença (João e Raul), José Menezes, e até Dona Santa. Sonhar não custa nada.

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O carnavalesco Carlos Ivan e a flabelista (Foto: Fernando Machado)

Uma pena que o prefeito Geraldo Julio de Melo Filho não estivesse prestigiando o encontro e ouvir a música Valores do Passado, pois como bom pernambucano iria se arrepiar. Não morrerei sem ver pelo menos a notável primeira dama Cristina Quirino de Mello, com aquele sorriso inigualável aplaudindo a saída do Bloco da Saudade. da Praça Sérgio Loreto. Então um coral coral com mais de mil vozes cantou o hino do bloco, Valores do Passado, de Edgard Moraes.

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A anja, a flabelsita e a borboleta (Foto: Fernando Machado)

“Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes / Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um Dia Só / Os Corações Futuristas, Bobos em Folia / Pirilampos de Tejipió / A Flor da Magnólia / Lira do Charmion, Sem Rival / Jacarandá, a Madeira da Fé / Crisântemos Se Tem Bote e Um Dia de Carnaval / Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé / Os Queridos Batutas da Boa Vista / E os Turunas de São José / Príncipe dos Príncipes brilhou / Lira da Noite também vibrou / E o Bloco da Saudade, assim recorda tudo que passou”.

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Darci, Getulio, Rose e Beatriz Cavalcante (Foto: Fernando Machado)

E diante do prédio onde morou Joaquim Nabuco, o Bloco da Saudade, cantou de Nelson Ferreira: Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon / Cadê teus blocos famosos / Bloco das flores, andaluzas, pirilampos, apôs-fum / Dos carnavais saudosos / Na alta madrugada / O coro entoava / Do bloco a marcha-regresso / E era o sucesso dos tempos ideais / Do velho Raul Moraes / Adeus adeus minha gente / Que já cantamos bastante / E Recife adormecia / Ficava a sonhar / Ao som da triste melodia”.

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O compositor Humberto Vieira (Foto: Fernando Machado)

Já estávamos o final da Rua da Imperatriz, quando surgiu João Santiago: “Vou relembrar o passado / Do meu carnaval de fervor / Neste Recife afamado / De blocos forjados / De cor e esplendor / Na rua da Imperatriz / Eu era muito feliz, / Vendo o bloco desfilar / Escuta Apolônio o que eu vou relembrar / Os Camponeses, Camelo e Pavão / Bobos em Folia do Sebastião / Também Flor da Lira com seus violões / Impressionava com suas canções”.

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O jornalista e pesquisador Leonardo Dantas (Foto: Fernando Machado)

Quando chegaram ao Quartel General do Frevo, na Pracinha do Diário, o coral já tinha mais 1.500 pessoas e cantaram bem alto Capiba: Madeira do Rosarinho / Vem a cidade sua fama mostrar / E traz com seu pessoal / Seu estandarte tão original / Não vem pra fazer barulho / Vem só dizer… e com satisfação / Queiram ou não queiram os juízes / O nosso bloco é de fato campeão / E se aqui estamos, cantando esta canção / Viemos defender a nossa tradição / E dizer bem alto que a injustiça dói / Nós somos madeira de lei que cupim não rói”.

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As netas de Raul Valença Maria Eduarda, Symoni e Katia Valença (Foto: Fernando Machado)

O Bloco da Saudade estava irrepreensível com seus componentes lindos com fantasias espetaculares, remetendo aos pastoris, criadas por Carlos Ivan Vieira de Melo. A final de contas o tema do bloco é O Pastoril Encantado dos Irmãos Valença, que desde 1865, os Irmãos Valença (João e Raul), apresentavam todos os anos em um tablado no sítio dos Valença, na Madalena. Portanto estamos completando 150 anos desta tradição. E isso começou com os avós de João e Raul Valença: João Bernardo do Rego Valença e Ana Alexandrina.

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Alguns pastores do Bloco da Saudade na Rua do Sol (Foto: Fernando Machado)

E finalmente os pastores e pastoras, além dos seus perseguidores chegaram ao Marco Zero, começaram a cantar a música tema. E encerando eis a letra, que é sensacional e tema do Bloco da Saudade: “Boa noite meus senhores todos / Boa noite senhoras também / Somos pastoras, pastorinhas belas / Que alegremente vamos a Belém / Meu São José / Dai-me licença / Para o pastoril dançar / Viemos para adorar / Jesus nasceu para nos salvar / É do meu gosto / É da minha opinião / Hei de amar as duas cores / Com prazer no coração”.

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O bloco da Saudade na Avenida Guararapes (Foto: Fernando Machado)

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