Fernando Machado

Sua majestade Almir da Paixão

Uma das grandes vedetes do Baile Municipal do Recife, era o campeonissimo Almir José da Paixão, esteve comigo sábado no Museu da Cidade do Recife, para ver o documentário dos 50 anos do Baile Municipal. Para se chegar ao Olimpo foram muitos anos de luta e perseguição. Almir na sua cadeira de rodas, por conta de diabetes, vibrava quando via seus colegas e ele próprio, claro desfilando no Clube Português.

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Almir da Paixão se olhando na telona (Foto: Fernando Machado)

Tem um ditado que diz: Quem foi rei sempre será majestade”. E é verdade. E esse campeonissimo de fantasias Almir José da Paixão, do alto dos seus 62 anos de idade, precursor do uso de estopas em fantasias é um deles. Almir incursionou no mundo das fantasias com 14 anos, e como não podia usava uma identidade falsa. Isso aconteceu em 1967, no Bal Masqué e no Municipal com a fantasia Morte e Vida de um Caramujo e faturou o primeiro lugar.

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Almir com O Egito no Nordeste e O Czar Nordestino (Fotos: Museu da Cidade do Recife)

Como existia uma máfia nas nossas prévias carnavalescas, que a gente está cansado de saber, Almir não gosta de lembra-la, mas sim de recordar aqueles que foram seus padrinhos nesta caminhada como Geralda Farias, Thais Notare, João Alberto, Carlos Costa, Luisa Leão, Joseli Lacerda e Rita Fonseca. Almir ganhou notoriedade e está na linha de frente dos desfiles de fantasias em Pernambuco. Apesar da competição desleal dos concorrentes ele venceu quase todos os desfiles que participou.

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Almir contemplando sua Viva o Recife (Foto: Fernando Machado)

Almir da Paixão bem que gostaria de ter cantado essa musica de Emilinha Borba, “Vem cá seu guarda / Bota pra fora este moço / Que está no salão brincando / Com pó de mico no bolso / Foi, foi ele sim / Foi ele que jogou / o pó em mim”, todavia sentiu na pele quando colocaram pó de mico na sua fantasia. Não precisa dizer que desfilou frenético, por causa dos enormes ataques de coceira, mesmo assim ganhou primeiro lugar. De lá foi direto para o hospital todo queimado.

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Olha O Passeio Real de Sinbad by Almir da Paixão (Foto: Museu da Cidade do Recife)

Este icone faz parte também de uma constelação em extinção, tipo Alberto Zampalione, Ernane, Múcio Catão, Jaime Mello, Silvio Nogueira, Edelson, Leda Perboire, para citar apenas estes cobrões, que davam mais belezas as mulheres nas festas. Como maquiador e cabeleireiro Almir é PHD. Atualmente está fora da mídia, mas continua trabalha embelezando clientes especiais. Quando vou a uma festa e olho os cabelos ou maquiagens das socialites, penso de imediato, estes looks precisam de um reparo de Almir da Paixão.

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O Czar Nordestino no olha de Almir (Foto: Fernando Machado)

O campeão das fantasias, na categoria originalidade, um verdadeiro artesão, agora, só na memória. Suas fantasias brilhavam tanto, que somente para olhar, só de óculos escuros. Usava palha, estopa (jutas), agave e garfos de madeira com muita propriedade. Na fantasia Viva o Recife que remetia ao calçadão da Praia de Boa Viagem, antes do prefeito depredador, ele bordou sua malha de pedra portuguesas. Uma verdadeira obra de arte. Seus concorrentes nesta categoria para destratá-lo diziam lá vem o Mercado de São José.

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Viva o Recife arrasou no Municipal do Recfe (Foto: Museu da Cidade do Recife)

Pois suas fantasias tão criticadas virou febre entre os desfilantes cariocas. Ivete Garrido, por exemplo, foi a primeira a imitar. Almir também participou de alguns Bailes Municipal, do Glória e do Clube Monte Líbano, no Rio de Janeiro. Atualmente não temos mais desfiles de fantasias e sim de carros alegóricos, tem desfilante que ao  voltar para receber o prêmio estão sem algumas peças. Almir da Paixão deu um ippon na concorrência. Sorry, periferia!

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