Fernando Machado

Rita Clemente partiu para eternidade

“A dor de uma saudade / Vive sempre em meu coração / Ao relembrar alguém que partiu / Deixando a recordação, nunca mais… / Hão de voltar os tempos / Felizes que passei, em outros carnavais”. Este verso da música de Edgard Moraes resume a tristeza que estou sentindo pela morte, ontem, da desfilante Rita Clemente. Seu brilho não se resumia apenas às passarelas do Bal Masqué e do Baile Municipal do Recife.

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Joana D’arc, a Virgem de Orleans, criada por Carlos Queiroz e Milton Araujo do Bal Masquê (Foto: Face de Sandra Farias)

Rita Clemente, que nasceu no dia 5 de abril de 1953, levou sua arte para a Marques de Sapucai, no Rio de Janeiro, como abre alas de várias escolas de samba. Era viúva de Luiz Carlos Clemente e teve dois filhos Igor (já falecido) e Ed. Quem não se lembra da barraca de Rita diante do Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem, vendendo cerveja e petiscos. Quando seu filho foi assassinado, Rita despencou de vez e abandonou o famoso point da alegria.

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Lith, o Encanto da Lua Negra, de Carlos Queiroz e Milton Araújo, Bal Masqué (Foto: Face de Sandra Farias)

Ainda assim voltou as passarelas do Bal Masqué, do Municipal e da Marquês de Sapucai, acho que até 2012. Vários anos foi prejudicada pelo júri, mas nunca ficava furiosa, apenas triste. No Baile Municipal do Recife, em 2011, apesar de sua maravilhosa fantasia não ficou nem entre três. E por isso não voltou para a passarela do Classic Hall. Era uma figura humana sensacional, mesmo assim o mundo do carnaval a esqueceu. O único que ligava para ela, era João Bosco Mendonça.

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Harpia de Fogo, criada por Carlos Queiroz e Milton Araujo, no Municipal de 2006 (Foto: Face de Sandra Farias)

Suas fantasias foram criadas primeiramente pelo campeão cearense, Isidoro Santos, depois ficarma responsáveis Carlos Queiroz e Milton Araujo e na sequencia a tarefa coube ao pernambucano Cazuza. Ontem tentei várias vezes falar com ele mas não atendeu os telefonemas e nem respondeu as mensagens. Uma pena que nos próximos Bal Masqué e Municipal, Rita Clemente não seja lembrada. Era tão bom que alguém fizesse essa homenagem, pois ela merece.

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Moulin Rouge criada por Isidoro Santos para o Municipal (Foto: Face de Sandra Farias)

Vou me despedindo plagiando este frevo canção de Nelson Ferreira, Evocação Nº 3, que homenageava Mário Melo: “Cadê Rita Clemente? / Partiu para a eternidade / Deixando na sua cidade / Um mundo de saudade sem igual / Foliões, a nossa referencia / À sua grande ausência / Do nosso carnaval”. Todavia eu estarei sempre lembrando o passado, imaginando você desfilando. Tenho certeza que vou sentir sua sombra nas prévias carnavalescas.

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