Fernando Machado

Para Lourdinha Campos

“A morte não é nada. / Eu somente passei / para o outro lado do Caminho. / Eu sou eu, vocês são vocês. / O que eu era para vocês, / eu continuarei sendo. / Me dêem o nome / que vocês sempre me deram, / falem comigo / como vocês sempre fizeram. / Vocês continuam vivendo / no mundo das criaturas, / eu estou vivendo no mundo do Criador”, escreveu Santo Agostinho.

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Lourdinha Campos na Praça da Republica no Recife (Foto: Arquivo)

Gostaria tanto, Santo Agostinho, dizer neste momento o que você pregou: “Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir / daquilo que nos fazia rir juntos”. A única coisa que posso fazer com certeza é rezar por Lourdinha. Sei que ela como Santo Agostinho gostariam que neste momento de dor evocasse “Que meu nome seja / pronunciado como sempre foi, / sem ênfase de nenhum tipo. / Sem nenhum traço de sombra ou tristeza”.

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Lourdinha recordando o tropicalismo, em Dallas (Foto: Arquivo)

Apenas tenho que focar fortemente que “A vida significa tudo / o que ela sempre significou, / o fio não foi cortado. / Porque eu estaria fora de seus pensamentos, / agora que estou apenas fora de suas vistas? / Eu não estou longe, / apenas estou / do outro lado do Caminho… / Você que aí ficou, siga em frente, / a vida continua, linda e bela como sempre foi”. Está muito difícil para mim conseguir entender tudo isso.

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Lourdinha com sua filha Danielle (Foto: Arquivo)

Cheguei a tentar recordar aquele Bal Masqué, no Internacional, onde você minha querida amiga Lourdinha Campos estava ao meu lado cantando “É de fazer chorar quando o dia amanhece e obriga ao frevo acabar”, não consegui. Então fui buscar na música de Edgard Moraes, “A dor de uma saudade / Vive sempre em meu coração / Ao relembrar alguém que partiu / Deixando a recordação”, de que nunca mais vai voltar”. Doeu, visse Lurdeca quando soube que tinhas partido.

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Lourdinha na festa de formatura de sua filha Danielle Didear (Foto: Arquivo)

Você adorava quando eu dizia a festa foi uma barafunda. No ano passado no meu aniversário, ligastes de Dallas e foi logo dizendo: “Barafunda estás bem? E começamos a rir novamente. Depois ficamos nos falando pelo Face, e aos poucos foram rareando os contatos. Eu senti que tinha algo errado, mas você nunca me disse. A certeza foi sem querer quando frisou que irias fazer um transplante de medula óssea. Então entendi o silencio. Fui covarde, pois devia ter te telefonado mais.

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Lourdinha me lembro tanto da Festa das Elegantes Jovens no Iate Clube do Recife, em 1973, usando um modelo de Marcilio Campos. Caso não estejas enganado fostes três vezes da nossa lista de elegantes. Depois fostes morar em Dallas, no Texas, e nossa estrada ficaram distantes. Ainda estive contigo lá em sua casa de Dallas. Fostes uma anfitriã arretada. E encerro esse papo evocando novamente Santo Agostinho: “Dois homens olharam através das grades da prisão; um viu a lama, o outro as estrelas”.

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