Fernando Machado

O maior espetáculo do Recife

Tive um sonho que durou um dia e foi um dia encantador. Eu dançando, tu me conduzias ao Marco Zero, para assistir ao Encontro de Blocos Líricos. Este sonho de Carnaval foi a mais grata ilusão que já passou na minha vida. E isso aconteceu segunda-feira quando o palco do Marco Zero virou a Meca do Frevo Canção. Foi plagiando a música dos grandes Irmãos Valença, Um Sonho que Durou Três Dias, que encontrei inspiração para começar esta redação.

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O Bloco da Saudade no palco do Marco Zero (Fotos: Fernando Machado)

Tudo não passou de um sonho, porque aquela noite era dedicada ao Samba, mas valeu. Era 18h quando no palco surgiu o primeiro bloco lírico. Foi uma viagem ao passado. Parecia que estava ao lado de Valfrido Cebola, Haroldo Matias, Colaço, Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon, João Santiago, Nelson Ferreira, Capiba, Luiz Bandeira, Raul Moraes, Zumba e Antônio Maria. Era um sonho tão lindo, mas acordei quando o locutor oficial anunciou que último bloco estava ingressando.

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Getulio Cavalcanti no Bloco das Flores no Marco Zero

Os blocos brilhavam diante dos meus olhos como diamantes. O estilo e a sobriedade deles me encantam. Foi a noite da apoteose do verdadeiro carnaval de Pernambuco. Se as lentes da sétima arte estavam voltadas para o samba as lentes da cultura estavam apontadas para os frevos de blocos. Até as estrelas não apareceram no céu em protesto e não quiseram testemunhar que naquele cenário espetaculoso montado pelos que fazem os blocos líricos o samba ia reinar.
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O jornalista Heleno Ramalho no Bloco da Ilusões

E meu sonho somente não foi completo porque os blocos antes de chegarem ao santuário do Marco Zero não passam mais pela Rua Nova. Somente o Bloco da Saudade faz o roteiro dos carnavais passados. A sua concentração é no final da Rua da Imperatriz, diante da Igreja. E aos poucos o local fica entupido de gente. São os seguidores da saudade.

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O Bloco Flor da Lira veio em homenagem a Carmen Miranda e foi um sucesso no palco do Marco Zero

E ao som de O Bom Sebastião, Madeira que Cupim não Rói e O Último Regresso os foliões vão seguindo o bloco até chegar a Rua do Sol, Avenida Guararapes, sem direito aquela paradinha tradicional em frente do Diário de Pernambuco até alcançar o Marco Zero. Como gostaria de dizer bem alto: “É lindo ver o dia amanhecer / Com violões e pastorinhas mil / Dizendo bem / Que o Recife tem o Carnaval melhor do meu Brasil.” Todavia a modernidade não deixa mais os blocos seguiram aqueles rituais.

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