Fernando Machado

O declínio do Miss Universo

Já não se elege uma miss como antigamente. A frase é antiga, mas pelo menos nos concursos de Miss Universo na era Donald Trump ela é tão atual como o twitter para os internautas. E isto ficou bem evidenciado na última edição do mais importante evento de beleza universal, no dia 23, por meio de um festival de equívocos e desonestidades.

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Miss Kosovo, Marigona Dragusha (Fotos: site)

Todo o glamour que estávamos acostumados a acompanhar pela televisão nos tempos da passarela com mulheres lindíssimas, deu lugar a uma nova leva de pessoas cujo único objetivo é agradar ao vovô Donald Trump e sua corte cafonérrima.

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Miss Brasil, Larissa Costa, com uma baiana que fazia jús ao concurso

Aliás, esse empresário deveria mudar o nome da competição de Miss Universo para Top Model Universal, pois estaria sendo mais honesto e coerente com o formato atual. Pois, se nos bons tempos da CBS Americana havia shows de artistas internacionais, cenários cinematográficos e misses deslumbrantes sendo anunciadas pelo carismático Bob Bakker, na era Trump o que temos assistido tem sido de uma pobreza franciscana.

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Miss México, Karla Carrilo

Em tudo, desde a seleção dos ilustres jurados desconhecidos até as apresentações de cantores medíocres, dignos de shows suburbanos ou vaquejadas, e nunca de uma competição transmitida para o mundo. E o cenário desse último concurso, o que era aquilo…?

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Miss Rússia, Sofia Rudyeva

Mas o pior mesmo foi digerir as incoerências com a própria razão da existência da competição que seria eleger a mulher mais bonita do planeta. E as contradições, para não dizer injustiças ou arrumadinhos começou com a seleção das 15 semifinalistas. As melhores candidatas, como México, Colômbia, Rússia, Brasil, Itália, Espanha, China e Namíbia ficaram de fora do top 15.

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Miss República Tcheca, Iveta Lotovská

Em seus lugares entrou um grupo estranhíssimo de garotas de beleza duvidosa, a pior seleção das três últimas décadas. E ainda tem missólogos que teimam em afirmar que são “mulheres com atitude, de beleza exótica”. E onde ficou a beleza de verdade, na melhor acepção desse termo? A das asiáticas e das negras, por exemplo? Algumas destes continentes deveriam compor o grupo das semifinalistas para mostrar a diversidade de raças existente no planeta.

Bem, sou do tempo que o termo “exotismo” era usado quando não queríamos dizer que uma pessoa era feia. E atitude não tem nada a ver com beleza. A palavra é politicamente correta quando empregada para expressar “gente com personalidade”, capaz de tomar uma decisão na hora diante de um acontecimento inesperado, de uma situação vexatória, algum imprevisto. Portanto, a palavra não combina com a beleza como estética.

E algumas das “belezas exóticas” que figuraram no Top 15, na verdade resultaram de um equívoco inquestionável de quem as escolheu – inocentemente ou propositalmente. Prefiro não opinar sobre o Top 5, até porque não quero ser taxado de “bairrista” ou decepcionado pela exclusão da brasileira. Até porque minhas candidatas eram Rússia, República Tcheca e México – os rostos mais bonitos. De uma coisa tenham certeza: quando existem interesses por alguma candidata no Top 5 para ganhar a competição, propositalmente são escolhidas quatro outras bem fraquinhas.

Após assisitir ao Miss Universo 2009, fiquei com a sensação de que esse certame não tem mais sentido depois que foi parar nas mãos do Donald Trump. Melhor seria que a TV Bandeirantes revisse esse contrato com o mega empresário americano e começasse a se voltar para o Miss Mundo, que é um evento de muito mais prestígio e credibilidade junto a comunidade internacional.

Até o formato do Miss Mundo é melhor. E a prova é quando se compara o número de países que enviam participantes às duas competições. Enquanto a quantidade de candidatas a Miss Universo não passa dos 80, no Miss Mundo as inscrições vão além de 110. (Jornalista Muciolo Ferreira)

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