Fernando Machado

João do Rio: o 1º Cronista Social

João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, mais conhecido como João do Rio, nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 1981. Seus pais foram o professor Alfredo Coelho Barreto e Florência dos Santos Barreto. Foi aluno do Colégio São Bento, onde começou a exercer seus dotes literários, e aos 15 anos prestou concurso de admissão ao Ginásio Nacional, atualmente conhecido por Colégio Pedro II.

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Alfredo e Florencia Barreto (Fotos: Biografia)

Em 1 de junho de 1899, com 17 anos incompletos, o jornal O Tribunal publicou seu primeiro texto, uma crítica intitulada Lucília Simões sobre a peça Casa de Bonecas de Ibsen. João do Rio, que por conta das suas cronicas sobre a Cidade Maravilhosa, foi um notável jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo. Suas reportagens entre 22 de fevereiro e abril de 1904, sobre As Religiões no Rio, ficaram famosos pelos seu caráter investigativo.

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João do Rio por fazer pose e ser requintado foi ridicularizado

Depois de três tentativas, finalmente, em 7 de Maio de 1910 foi eleito para a cadeira numero 26 da Academia Brasileira de Letras e em 12 de agosto de 1910, tomou posse. João do Rio foi o primeiro a tomar posse usando o famoso “fardão dos imortais”. Com a eleição do seu inimigo o poeta Humberto Campos, em 30 de outubro de 1919, ele se afastou da instituição. João do Rio foi muito atacado por ser homossexual, solteirão e mulato. E era Humberto Campos um dos lideres desse movimento homofóbico. Seu ídolo era o escritor Oscar Wilde e por isso se vestia e se comportava como um dândi.

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João do Rio com três anos e aos 18 anos

Teve uma grande amizade, muitos confundiam como um caso amoroso com Isadora Duncan que conheceu em Portugal antes dela vir se apresentar no Rio, em 1916. Em 1920, João do Rio fundou o jornal A Pátria (chamado ironicamente de A Mátria por seus detratores), no qual buscou defender os interesses dos “poveiros”, pescadores lusos oriundos em sua maioria de Póvoa de Varzim, em Portugal, e que abasteciam de pescado o Rio de Janeiro.

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A marechala da elegancia carioca, Laurinda Santos Lobo na posse do amigo João do Rio ABL

Obeso, João do Rio passou mal durante todo o dia 23 de junho de 1921. Ao pegar um táxi, não encontrou o seu motorista preferido, o velho Adelino, então foi atendido por um jovem e belo italiano, chamado Alberto Cestari, no veiculo João do Rio, o mal-estar aumentou e ele pediu ao chofer, que parasse e lhe trouxesse um copo d’água. Quando Alberto chegou com a água ele já tinha falecido, vítima de um infarte do miocárdio. A notícia de que João do Rio havia morrido espalhou-se por toda a cidade.

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João do Rio em 1920 e em 1907

Dona Florencia logo que soube do falecimento do filho, proibiu que o velorio fosse na Academia Brasileira de Letras, segundo ela “meu filho não aprovaria a ideia”. O velório aconteceu na sede do jornal A Pátria. Ao último adeus ao escritor estima-se que cerca de 100 mil pessoas compareceram. Os motoristas de táxi não cobraram nada aos que foram para o Cemitério de São João Batista, em Botafogo. Portanto, este blog não poderia deixar de homenageá-lo, hoje quando faz 135 anos de seu nascimento. Essa materia foi baseada na sua  biografia escrita por João Carlos Rodrigues.

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