Fernando Machado

Dia do Frevo Lírico = Valores do Passado

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A carnavalesca Valéria Moraes, meus parabéns (Foto: Fernando Machado)

“Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um dia Só / Os Corações Futuristas, Bobos em Folia, Pirilampos de Tejipió / A Flor da Magnolia / Lira do Charmion, Sem Rival / Jacarandá, / a Madeira da Fé / Crisântemos, Se Tem Bode e Um Dia de Carnaval / Pavão Dourado, Camelo de Ouro, Bebé / Os Queridos Batutas da Boa Vista / E os Turunas de São José / Príncipe dos Príncipes brilhou / Lira da Noite também vibrou / E o Bloco da Saudade, assim recorda tudo que passou.”

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Sergio Gusmão e o seu pandeiro (Foto: Fernando Machado)

Esse frevo de bloco, Valores do Passado, de Edgard Moraes, nos remete ao Encontro de Blocos Líricos, realizado, ontem à noite no Pátio de São Pedro, que é a maior homenagem que o Recife presta ao Dia do Bloco Lírico, coordenado pelo Coral Edgard Moraes, leia-se Valeria Moraes. Não é somente Edgard que a gente se rende, mas aos grandes compositores da ex-capital do Frevo, e ao autentico carnaval de rua do Recife.

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Cid Cavalcanti do Bloco O Bonde (Foto: Sérgio Gusmão)

Em nossa memória surge logo outro frevo de bloco, composto por João Santiago: “Vou relembrar o passado / Do meu carnaval de fervor / Neste Recife afamado / De blocos forjados / De cor e esplendor / Na Rua da Imperatriz / Eu era muito feliz / Vendo o bloco desfilar / Escuta Apolonio o que eu vou relembrar / Os Camponeses, Camelo e Pavão / Bobos em Folia, do Sebastião, / Também da Flor da Lira com seus violões / Impressionava com suas canções.”

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Os seguidores Cristina Rego, Hugo Martins e Edgard Grund (Foto: Fernando Machado)

E diante da centenária Concatedral de São Pedro dos Clérigos, tendo uma lua quarto minguante solitária, os 30 blocos líricos evoluíram com muito fervor. As flabelistas orgulhosas se renderam mais uma vez ao nosso carnaval, fora de época. Não aqueles forjados pelos que odeiam nossa cultura. A Meca do frevo de bloco estava entupida de gente. Lá do céu Capiba, Nelson Ferreira, Antonio Maria, Genival Macedo, Luiz Bandeira, João Santiago, Edgard Moraes, Luiz de França, e tantos outros aplaudiam a iniciativa.

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O encontro dos blocos no Pátio de São Pedro (Foto: Sérgio Gusmão)

Quando Nelson Ferreira compôs “Partiu para eternidade / Deixando sua cidade / Um mundo de saudade sem igual”, parecia que estava preconizando que o frevo estaria com seus dias contados. Mas enquanto tiver um autentico recifense ele não vai morrer. A noitada teve tom e ritmo de sucesso. No palco tivemos dois mestres de cerimônia o PHD Sérgio Gusmão e Cid Cavalcanti. Também estava a Banda de Pau e Corda, de O Bonde, que comemora esse ano seus 10 anos de fundação e o Coral de Edgard Moraes.

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Gilson Silva, Graça Lima e o jovem Manoel Neto curtindo os blocos liricos (Foto: Fernando Machado)

Os seguidores dos blocos como o maestro Cezar, Luiz Guimarães, Humberto Vieira, Claudio Almeida, Hugo Martins, Samuel Valente, Mirian Leite se assanhavam com os blocos evoluindo pelo Pátio de São Pedro. Quando deixei o local, estava tocando “A dor de uma saudade / Vive sempre em meu coração / Ao relembrar alguém que partiu / Deixando a recordação, nunca mais / Hão de voltar os tempos / Felizes que passei / Em outros Carnavais”. E lembrei também de Getúlio Cavalcanti, que não estava por lá, com sua musica “Falam tanto que meu bloco está / Dando adeus pra nunca mais sair / E depois que ele desfilar / Do seu povo vai se despedir / No regresso de não mais voltar”. No próximo ano tem mais se Deus quiser. E tenho certeza que Ele vai querer.

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Outro momento lindo no Pátio de São Pedro (Foto: Sergio Gusmão)

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