Fernando Machado

Um Sucesso o Baile do Siri

Cerca de cinco mil foliões entraram em êxtase quando a cantora baiana Daniela Mercury atacou de “Love as suas transas de mel / Rapunzel Rapunzel / Lá no corredor do Borel / Rapunzel Rapunzel / Lá no barracão tem sossego / Passo cedo passo cedo / E dou um grito grão no bololô / E verso nós imenso amor / O amor de Julieta e Romeu / O amor de Julieta e Romeu / Igualzinho o meu e seu / Igualzinho o meu e seu”.

Ricardo Carvalho e afilha Carol (Foto: Fernando Machado)

Paulo Braz e Carla Delgado (Foto: Fernando Machado)

E isso aconteceu, sexta-feira, nos salões do Clube Português do Recife, durante o Baile do Siri na Lata, leia-se Ricardo Carvalho e Paulo Braz. Antes de chegar ao clube luso-brasileiro, passou pelo Clube Batutas de São José, pelo Clube Atlântico Olindense, pela Torre Malakoff, e pelo Cais de Alfândega. E pelo jeito aterrissou no Clube Português do Recife para ficar. O Siri na Lata nasceu nas ladeiras de Olinda em 1976, pelas mãos do jornalista Homero Fonseca.

Jarbas Vasconcelos e Maria Melila (Foto: Fernando Machado)

Sheila Wanderley e João Alberto (Foto: Fernando Machado)

Sempre foi um bloco de jornalistas. E como um siri numa lata, jornalista faz barulho criticando, denunciando, protestando. O nome completo era Bloco Anárquico Armorial Siri na Lata. Nunca teve sede, sócios nem diretoria. As brincadeiras e críticas espirituosas é que faziam a diversão dos sirinianos.E no domingo de Carnaval, todo mundo se reunia num bar à beira-mar de Olinda conhecido como Maconhão para depois subir a ladeira.

Carlos Augusto Costa e Juliana (Foto: Fernando Machado)

Dagoberto Costa, Terezinha Nunes e Antonio Lavareda numa bada indiana by Vilabrequin (Foto: Fernando Machado)

O baile deveria ser dos sirianos, mas foi da galera da Adversidade quem mostrou suas patas. “Cuidado menina não deixa fugir / O siri da lata / Quero ver quem aguenta o rojão / Neste chão, neste sol / Neste frevo até quarta / Não é de ouro / Não é de prata, mas vale um milhão a sua pata / Assegura a imprensa e toda a moçada /Do siri siri do siri na lata / Por isso olho na tampa, na brecha da lata / Na flecha do índio, na ação do pirata / Se o danado fugir / Vai chorar a mulata / Não tem mais / carnaval”.

Gustavo Belarmino de pintor e Giovani Oliveira de soldado (Foto: Fernando Machado)

Ronney Andrade, André Semon e Leonardo Lourenço (Foto: Fernando Machado)

Esse é o refrão da música Siri na Lata composto pelo compositor Carlos Fernando (1938/2013), foi cantado pelos que vivem e respiram o espírito do verdadeiro siriano. O tema deste ano foi Yemanjá, tendo em vista que naquela data era o Dia da Rainha do Mar. A decoração foi assinada Marcos Rodrigues que usou e abusou do azul. Do alto do salão repousava uma figura de Yemanjá. Este ano a festa começou uma hora antes das anteriores: às 23h.

Silvio Meira e Katia Betmann (Foto: Fernando Machado)

Tulio Gadelha, Mônica Lavareda e Hugo Souza (Foto: Fernando Machado)

O cantor Almir Rouche foi o primeiro a subir no palco e incendiou os foliões, cantando frevo e depois a memoráveis marchinhas dos carnavais cariocas. Começou com Antonio Maria “Ô ô ô saudade / Saudade tão grande / Saudade que eu sinto / Do Clube das Pás, do Vassouras / Passistas traçando tesouras / Nas ruas repletas de lá / Batidas de bombos / São maracatus retardados / Chegando à cidade, cansados, / Com seus estandartes no ar. / Que adianta se o Recife está longe / E a saudade é tão grande / Que eu até me embaraço / Parece que eu vejo / Valfrido Cebola no passo / Haroldo Fatias, Colaço / Recife está perto de mim”.

Giselle, Mary Brazil e Tallita d’Menezes de Oxum (Foto: Fernando Machado)

Luiz Hermano, Gustavo Costa e Leo Silva (Foto: Fernando Machado)

E Almir sabe que sem Capiba não o Carnaval não existe: “Madeira do Rosarinho / Vem à cidade sua fama mostrar / E traz com seu pessoal / Seu estandarte tão original / Não vem pra fazer barulho / Vem pra dizer e com satisfação / Queiram ou não queiram os juízes / O nosso bloco é de fato campeão / E se aqui estamos, cantando essa canção / Viemos defender a nossa tradição / E dizer bem alto que a injustiça dói / Nós somos madeiras de lei que cupim não rói”.

Pryscila e Felipe Daniel Miranda (Foto: Fernando Machado)

Fernando Medicis e Elizabete (Foto: Fernando Machado)

Depois ele atacou de “Ó abre alas / Que eu quero passar / Ó abre alas / Que eu quero passar / Eu sou da Lira / Não posso negar”. “Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero / Mamãe, eu quero mamar / Dá a chupeta, dá a chupeta / Dá a chupeta pro bebê não chorar / Dorme, filhinho do meu coração / Pega a mamadeira e vem entrar no meu cordão / Eu tenho uma irmã que se chama Ana / De piscar o olho já ficou sem a pestana”.

Márcio Costa e Anderson Carlos (Foto: Fernando Machado)

Clara Carvalho, Sarah Malta, Alicia Regina e Maria Julia Benning (Foto: Fernando Machado)

Depois a Bateria do GRES Preto Velho aprontou com os sambas. E assim se passou mais uma prévia de Carnaval com ingredientes de sucesso. E sai do clube cantarolando “Falam tanto que meu bloco está, / dando adeus pra nunca mais sair. / E depois que ele desfilar, do seu povo vai se despedir. / Do regresso de não mais voltar, /
suas pastoras vão pedir: / Não deixem não, que o bloco campeão, / guarde no peito a dor de não cantar. / Um bloco a mais é um sonho que se faz / o pastoril da vida singular. / É lindo ver o dia amanhecer, / ouvir ao longe pastorinhas mil, / dizendo bem, que o Recife tem, /
o carnaval melhor do meu Brasil”.

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