O Marco Zero reviveu segunda-feira o maior espetáculo do Carnaval de Pernambuco. Estamos nos referindo ao Encontro dos Blocos de Pau e Corda. É o momento do desfile da realeza dos que fazem o lirismo do nosso Carnaval. No Marco Zero um coral formado por cerca de 30 mil vozes gritam bem alto “Que o Recife tem / O Carnaval melhor do meu Brasil”. É lindo demais!
Jane Emirce de Melo, Melissa Albuquerque, o filho Nilo, Maestro Spok (homenageado) e Carmen Soares (Foto: Fernando Machado)
Componentes do Bloco das Flores (Foto: Fernando Machado)
E quando a gente ouve “Felinto, Pedro Salgado, / Guilherme, Fenelon / Cadê teus blocos famosos? / Bloco das Flores, Andaluzas, / Pirilampos, Apois Fum, / Dos Carnavais saudosos”, parece que a gente sente Nelson Ferreira, Capiba, Edgard Moraes, João Santiago, Luiz Boquinha, Romero Amorim, Sebastião Lopes, Raul Moraes, Luiz Bandeira, José Menezes, Levino Ferreira, os Irmãos Valença e Arthur Lima Cavalcanti, no palco.
Zenaide Araújo do Bloco das Flores (Foto: Fernando Machado)
As pastoras do Bloco Compositores e Foliões (Foto: Fernando Machado)
O primeiro bloco a subir ao palco foi o Flor da Lira de Olinda, e na sequencia Blocos das Ilusões, Com Você no Coração, Madeiras do Rosarinho, Confetes e Serpentina, Cordas e Retalhos, e Flor do Eucalipto e neles todos na apresentação cantaram “Vem conhecer o que é harmonia / Nesta canção / O Inocentes apresenta um lindo / Panorama de folião”, ou “Quem conheceu Sebastião / De paletó na mão / E aquele chapéu / Por certo está comigo crendo / Que ele está fazendo carnaval no céu”.
Socorrinho Cardoso, Lúcia Oliveira e Elisa Braga de Compositores e Foliões (Foto: Fernando Machado)
Dianna e sua mãe Elza Barros Lins do Bloco Eu Quero é Mais (Foto: Fernando Machado)
De repente surge o mais antigo o Bloco das Flores, com a incansável Jane Emirce de Melo, jogando flores nos foliões. E coral canta “Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes / Camponeses, Apôis Fum / e o Bloco Um Dia Só / Os Corações Futuristas, Bobos em Folia / Pirilampos de Tejipió / A Flor da Magnólia / Lira do Charmion, Sem Rival / Jacarandá, a Madeira da Fé / Crisântemos Se Tem Bote e Um Dia de Carnaval”.
As passistas do Um Bloco em Poesia (Foto: Fernando Machado)
Heleno Ramalho e duas pastoras do Um Bloco em Poesia (Foto: Fernando Machado)
E como num passe de mágica entra Um Bloco em Poesia repassando Edgard Moraes: “A dor de uma saudade / Vive sempre em meu coração / Ao relembrar alguém que partiu / Deixando a recordação, nunca mais… / Hão de voltar os tempos / Felizes que passei em outros carnavais. / Cantar, oh! cantar! / É um bem que dos céus nos vem. / Se algumas vezes nos faz chorar / Ante os revezes nos faz rir também. / Cantar, oh! cantar! / Com expressão de uma emoção / Que nasce d’alma e vem dizer ao coração / Que a vida é uma canção.”
Cid Cavalcanti, Cassio Maia Duarte e Adriano Pereira de O Bonde (Foto: Fernando Machado)
Josi e Mauricio Claudino de Oliveira de O Bonde (Foto: Fernando Machado)
E lá vem O Bonde desembarcando no Marco Zero usando o brilho de Led. E mandam para o publico Capiba com “Madeira do Rosarinho / Vem a cidade sua fama mostrar / E traz com seu pessoal / Seu estandarte tão original / Não vem pra fazer barulho / Vem só dizer… e com satisfação / Queiram ou não queiram os juízes / O nosso bloco é de fato campeão / E se aqui estamos, cantando esta canção / Viemos defender a nossa tradição / E dizer bem alto que a injustiça dói / Nós somos madeira de lei que cupim não rói.”
Claudia e Felipe Cabral de Melo do Bloco da Saudade (Foto: Fernando Machado)
Uma ala do Bloco da Saudade (Foto: Fernando Machado)
E agora quem vem? Aquele que completou 40 anos e reacendeu os seguidores pelos Blocos Líricos. Claro que é o Bloco da Saudade. E para delírio dos foliões incendeiam o palco com Aldemar Paiva e José Menezes: “Digam o que quiser / Tu és boneca / Brinquedo / Do meu coração / Fale quem quiser / És a boneca / De olhos cor de sonho / Vestida de ilusão / És a boneca bonita / De tranças compridas / Olhando prô chão… / És a boneca adorada / Da loja encantada / Do meu coração”.
As pastoras do Bloco Batutas de São José (Foto: Fernando Machado)
Os acendedores de lampiões do Batutas de São José (Foto: Fernando Machado)
E ao partir o Bloco da Saudade, com suas fantasias lindas remetendo aos pierrôs e colombinas, nos deixa com João Santiago “Adeus, chegou a hora de partir / Adeus, é madrugada vamos recolher / Agora é recordar amores / E a tristeza esquecer / A vida é amor, sorriso, esplendor / Razão de todo bem querer / Se a saudade um dia chegar / Nunca a tristeza irá encontrar / Só alegria, encontra em mim / A vida é folia, sem fim.”
A diretoria do Batutas de São José (Foto: Fernando Machado)
As pastoras do Pierrot de São José (Foto: Fernando Machado)
E encerro meu amor aos líricos com o Bloco Batutas de São José, meu outro xodó, fundado em 5 de junho de 1932. Apresentaram três musicas, cada uma mais linda do que a outra, mas pincei esta de Álvaro Alvim “Não deixem morrer Batutas / Não deixem Batutas morrer / Batutas tem um passado de lutas / Viva Batutas, Batutas vai vencer! / Que lindo bloco / Que lindo é / Nosso Batutas de São José / Tem tradição, tem glória / Tem história pra valer / Não deixem Batutas morrer.”
O flabelo do bloco Boêmios da Boa Vista (Foto: Fernando Machado)
A passista da Flor da Lira Luiz Alberto Ferreira e Sônia Aroucha do Bloco da Saudade (Fotos: Fernando Machado)
E deixei o Marco Zero como um folião solitário resmungando baixinho assim como João Santiago: “Vou relembrar o passado / Do meu Carnaval de fervor / Neste Recife afamado / De blocos forjados / De cor e esplendor / Na Rua da Imperatriz / Eu era muito feliz / Vendo o bloco desfilar / Escuta Apolônio o que vou relembrar / Os Camponeses, Camelo e Pavão / Bobos em Folia, do Sebastião, / Também For da Lira com seus violões / Impressionava com suas canções.”