Fernando Machado

O Carnaval Inesquecível de Gustavo Krause

O carnaval é uma marca da alma pernambucana. Não por acaso, a nossa terra, de forte personalidade cultural tem música própria – o frevo – e uma dança singular – o passo. O frevo-canção serve como melodia para versos românticos ou satíricos; o frevo de rua, com belos arranjos de sopros e metais, arrepia as ruas e ferve o sangue dos foliões; o frevo de bloco incorpora cordas plangentes que emociona nossos corações. Por sua vez o passo é uma acrobacia rítmica com a estética de um sofisticado balé.

O folião Gustavo Krause no Galo da Madrugada (Foto: Internet)

Este sentimento transformou o carnaval parte da minha vida e o que ficou definitivamente gravado na minha memória foi em 1980. Era Prefeito da Cidade do Recife. Bem cedinho, fui para a Padre Floriano, e me juntei com pouco mais de uma centena de “almas” e mascarados. Uma orquestra de frevo. Era os primeiros passos do gigantesco Galo da Madrugada que inscreveu Pernambuco no livros do recordes: uma cidade inteira submersa na folia do maior bloco de rua do mundo.

Gustavo Krause de senador romano no carnaval da AACD de 2006 (Foto: Tom Cabral/JC Imagem)

Pois não é que o grande repórter da Rede Globo, Francisco José, com seu faro jornalístico admirável, descobriu que um dos mascarados era uma “autoridade”. Encostou e disse, mais ou menos o seguinte: ao meu lado, esta “alma” é o Prefeito do Recife. Tremi. Gosto de fantasia e o rosto coberto era para e evitar, entre outras, a pecha de demagogo, populista. E ordenou: “Prefeito tire a máscara”. A emissora estava no ar. Fui entrevistado. Desde então, não uso máscaras. As pessoas compreenderam o lado humano do Prefeito e eu aprendi a lição de que na vida pública não há espaço para disfarces. Gustavo Krause

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