Fernando Machado

Morre o rei das passarelas

O blog chora. Encerrou-se, ontem à noite, uma das mais belas páginas da história do Carnaval pernambucano, com a morte do Rei das passarelas Almir José da Paixão. Foi um mito nesta área. Sua incursão pelas passarelas começou aos 14 anos e somente parou quando uma diabetes o atacou. Amputou uma perna mas, sempre estava feliz da vida. Era um artista. Nunca reclamou do crepúsculo que o atingia. Almir da Paixão que nasceu no dia 10 de setembro de 1953.

almir-da-paixão3

Almir da Paixão em dois tempos (Fotos: Divulgação e Fernando Machado)

Portanto ia fazer 62 anos. Era uma das grandes vedetes do Municipal e do Bal Masqué. Domingo passado Almir pediu a sua amiga June Mattoso para dar uma voltinha por Olinda e Recife. E ela o levou até Olinda, do Alto da Sé, deve ter cantado baixinho: “Manda embora essa tristeza, manda por favor / Mas por isso eu não vou me privar de dançar / Só faço isso pelo carnaval”. A última vez que estivemos juntos foi para ver o documentário dos 50 anos do Baile Municipal, no Museu da Cidade do Recife.

a-almir-tzer

Almir com O Egito no Nordeste e O Czar Nordestino (Fotos: Museu da Cidade do Recife)

De sua cadeira de rodas Almir era só alegria. Tem um ditado que diz: Quem foi rei sempre será majestade”. E é verdade. E esse monstro sagrado das passarelas, foi o precursor do uso de estopas em fantasias. “Morte e Vida de um Caramujo” foi sua primeira fantasia no seu vasto currículo de sucesso. Ela ganhou o primeiro lugar no Bal Masqué. A partir dai Almir ganhou notoriedade e esteve na linha de frente dos desfiles de fantasias em Pernambuco.

a-almir-viva-recife

Almir sua Viva o Recife (Foto: Museu da Cidade do Recife)

O campeão das fantasias, na categoria originalidade, um verdadeiro artesão, agora, só na memória. Suas fantasias brilhavam tanto, que somente para olhar, tínhamos que colocar óculos escuros. Usava palha, estopa (jutas), agave e garfos de madeira com muita propriedade. Todavia Almir da Paixão foi um dos melhores maquiadores e cabeleireiros  da nossa sociedade. Almir da Paixão deu um ippon na concorrência, agora está no céu sempre de alto astral.

almir-da-paixão-almir-jovem

Almira da Paixão de cadeira de rodas o admira na tela do Museu da Cidade do Recife (Foto: Fernando Machado)

E encerro cantando Frevo Nº 2 de Antonio Maria: “Ai, ai, saudade / Saudade tão grande / Saudade que eu sinto / Do Clube dos Pás, dos Vassouras / Passistas traçando tesouras / Nas ruas repletos de lá / Batidas de bumbo / São maracatus retardados / Que voltam pra casa cansados / Com seus estandartes pro ar / Quando eu me lembro / O Recife tá longe / A saudade é tão grande / Eu até me embaraço / Parece que eu vejo / O Haroldo Matias no passo / Valfrido e Cebola, Colasso”. Eu acrescentaria Parece que vejo Almir da Paixão nas passarelas do Municipal ou do Bal Masqué.

Gostou ?
Compartilhe !