Fernando Machado

Bento de Aguiar & o Teatro do Parque

Há 100 anos, era inaugurado, na Rua do Hospício, o Teatro do Parque, mandado construir pelo empresário e comendador Bento Luiz de Aguiar. Na estreia tivemos a encenação da peça  O 31, pela Companhia de Operetas e revistas Portuguesas Luiz Galhardo. O high society recifense prestigiou a noite de arte. Recebendo os convidados estavam Bento Luiz de Aguiar e sua esposa Josefina. Infelizmente não temos muito o que comemorar. Aquele espaço que abriu com tanta pompa e circunstância está um caos.

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Comendador Bento Luiz de Aguiar (Foto: Acervo de Eunice Aguiar Pereira)

No elenco era formado pelos atores Carlos Leal, Antonio Gomes, Jayme Silva, José Moraes, Irene Gomes, Margarida Vellloso, Francisca Martins, Francisca Brazão, Emma de Oliveira, Elvira Martins e Elisa Santos, além do tenor era Salles Ribeiro. Chegou de Portugal, via Rio de Janeiro, a bordo do paquete Essequiboao até o Recife, um dia antes da festa de inauguração.

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Judith Correa, Antônio Gomes e Carlos Leal (Fotos: Teatro do Parque de Lêda Dias)

O teatro, que ficava ao lado do Hotel do Parque, que era outra magnífica e de muito luxo, não ficou a dever em nada ao seu vizinho. O sonho do Comendador era construir um Parque de Diversões. As estruturas do Teatro era de ferro, no estilo art-noveau, e foram trazidas da Europa. O engenheiro responsável,  foi o inglês K. M. Macgreggor, que orçou a obra em cerca de 200 contos. Não quanto seria em reais, os economistas que façam as contas.

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Mário Nunes, as atrizes Elvira Martins e Emma de Oliveira (Fotos: Teatro do Parque de Lêda Dias)

Toda estrutura do Teatro Parque veio transportada de navio da Alemanha. Uma recomendação que a obra fosse para o clima tropical. Podia-se notar muitas janelas no primeiro andar, e no térreo portas para tudo que era lado, para arejar o ambiente. Na área externa tinha um pequeno jardim de hortênsias que era de deixar o recifense sem fôlego. Nele repousavam mesas redondas e cadeiras de ferro (pintadas de vermelho e verde, em homenagem a Portugal) e madeira.

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O Teatro do Parque em obras (Fotos: Teatro do Parque de Lêda Dias)

Os jardins era o point para os frequentadores, pois nos intervalos poderiam entre um gole de chá e uma colherinha de sorvete comentar o espetáculo e porque não, as fofocas da cidade. Os falsos vitrais da boca de cena do Parque, foram grifados pelo artista plástico Mário Nunes e os medalhões que decoravam os camarotes do artista plástico Henrique Elliot. Enquanto o Teatro de Santa Isabel remetia para óperas, cantatas e concertos, o Parque para vaudevilles.

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A fachada do Teatro do Parque (Foto: Antônio Tenório/Museu da Cidade do Recife)

As poltronas da plateia eram de palhinha trançada e os encostos das cadeira dobravam. Note, a preocupação do Comendador para o conforto do publico. A alegria e agito dessa inauguração foi interrompida no dia 2 de setembro, ou seja nove dias depois, com o falecimento repentino do comendador Bento Luiz de Aguiar, aos 54 anos. A causa da morte foi uma moléstia grave. No final da tarde aconteceu o funeral, que saiu da seu palacete da Rua São João, no bairro de São José, feito pela Casa Agra, para o Cemitério de Santo Amaro.

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