A noite de 10 de fevereiro de 1961 é uma data para não ser esquecida. É que acontecia nos salões do Clube Internacional do Recife o I Baile Municipal do Recife. A idéia partiu do jornalista Alexandrino Rocha com o objetivo de disputar com o Baile do Galo, que era realizado no Clube Português de Salvador, as páginas das revistas O Cruzeiro e Manchete. O então prefeito do Recife, Miguel Arraes, acampou a idéia na hora lembrou “vamos divulgar o frevo pelo Brasil” e mandou Alexandrino cair em campo.
Tônia Carrero arrasou no primeiro Baile Municipal (Fotos: Arquivo)
A prévia resultou num sucesso colossal com a participação dos grandes nomes da nossa sociedade, todos de traje rigor. Quem foi o anfitrião da noitada foi o vice-prefeito Arthur Lima Cavalcanti, que lançou na época em parceria com Maximiliano Campos, lançou o frevo Serpentina Partida. O motivo da ausência de Miguel Arraes foi a doença da primeira-dama Célia Arraes, née Souza Leão.
O poetinha, Vinicius de Moraes, não poupou elogios ao nosso esquecido frevo
A decoração, belíssima, foi assinada por Lula Cardoso Ayres e para as danças tocou a notável Orquestra de Nelson Ferreira. Tivemos também um concurso de fantasias. A + Rica foi a de Ana Maria Ramiro Costa Caldas (Elizabeth I), o segundo lugar ficou com Mirna Botelho (Princesa de Bagdá). Em originalidade ficou o grupo Canibais Guerreiros. Marcelo Costa Caldas, irmão de Ana Maria, foi eleito o figurinista do Baile.
Fernando Sabino ficou enlouquecido com o nosso ritmo
Tivemos o primeiro Vôo do Frevo, que contou com o apoio do brigadeiro Pamplona, presidente da Vasp, trazendo do sul do país algumas celebridades da literatura, do rádio, teatro, televisão e cinema. A revista O Cruzeiro levou um furo e a Manchete destacou o Baile Municipal nas suas páginas. No ano seguinte as duas revistas começaram divulgar o nosso baile.
Ana Maria Ramiro Costa e sua Rainha Elizabeth I
Agora prestem atenção que time veio para o I Baile Municipal do Recife: Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, José Condé e Vinicius de Moraes (literatura e musica); os cantores Nora Nei, Marlene e Jorge Goulart, os atores Luiz Delfino, Lea Garcia, Zélia Hoffman, Lourdes de Oliveira e Tônia Carreiro. Já o dia 26 de fevereiro de 2011 é para se esquecido, pois está no caminho inverso da finalidade do Municipal. Atualmente seu prato de resistência é divulgar a música baiana. O que se pode esperar de uma terra que não valoriza sua cultura?