Fernando Machado

I Baile da Ilha Fiscal 

Há 130 anos Dom Pedro II movimentava o I Baile da Ilha Fiscal, em torno do comandante Bannen e oficiais do encouraçado chileno Almirante Cochrane. Nos jardins, repousavam 10 mil lanternas venezianas clareando todo o ambiente e o entorno, o espelho d’água da Baía da Guanabara dava aquela visão de esplendor; no interior, o palácio iluminado com 700 lâmpadas elétricas para impressionar os cerca de 4.500 convidados. Sem dúvida foi o baile que derrubou a monarquia brasileira.

O Baile da Ilha Fiscal pelos pinceis do artista plástico Aurélio Figueiredo

E, para bem servi-los, foram mobilizados 90 cozinheiros e 150 garçons, que prepararam 500 perus, 64 faisões, 800 quilos de camarão, 800 latas de trufas, 1.200 latas de aspargos, 1.300 frangos e 12 mil sorvetes. No cardápio creme à la Richelieu et purée à La Reine; merlan (badejo) à la façon du chef; chartreuse de caille (codorniz); pigeons sauvages (pombos) etc. E, de sobremesa, crême au chocolat et aux violettes, charlotes, marrons glacées et bonbons fondants. Além de 2.900 doces variados e 18 mil frutas brasileiras.

Uma vista da Ilha Fiscal (Foto: Divulgação)

Tudo isso regado a champanhes Cristal, Veuve Clicquot, Heidsièch, Chambertin e Pommard. A parte musical ficou por conta de seis orquestras. Dom Pedro II compareceu com toda a família, mas retirou-se cedo. Todavia não suspeitava que perto do cais, no Clube Militar, um punhado de conspiradores acertava os detalhes do assalto ao poder. Oito dias depois uma lancha do arsenal da Marinha levou a família imperial para o vapor Paraíba, ainda de madrugada. Ao meio-dia a embarcação zarpou para a Ilha Grande, onde estava o Alagoas. E na manhã do dia 18 de novembro, Dom Pedro II seguiu para a Europa para nunca mais voltar.

 

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